domingo, março 18, 2007

Orgia Visual

Anda, sem preconceitos ou receios que te impeçam de publicamente enrijecer. Faz dos outros tantos olhos que nos enxergam, público honrado pelo espectáculo que tu promoves. Vem-me amar o corpo, saciar a minha gula com o néctar que do teu íntimo emerge. Deixa-me beber da tua boca os meus sabores dissolvidos na tua lubrificada língua. Aconchega-te no meio das minhas pernas convidativas; anda descobrir os segredos que estas ocultam quando fechadas, que deixam antever semiabertas e que mostram sem pudor quando mais não se podem expandir. Não dês vida ao desespero que, a mim, as esperas provocam! Rápido, que me excita em demasia vê-las expectantes, ansiando por uma desculpa qualquer para se tocarem. Quero vê-las perdidas em si mesmas, vendo-as vou me masturbando enquanto tu vais me cobrindo. Que dupla sensorial fonte de prazer! Rejubilo; grito, excito-me! Antevejo-lhes o prazer de estar tão perto de nós que, ao sentir o calor brotar, a sua temperatura se eleva em demasia à medida que se vão despindo. Darei o prazer aos homens de ver me os joelhos dobrados sobre o chão, inquirindo o corpo com as minhas mãos decididas em abrir caminho às carícias que os lábios e língua conjuntamente com o abocanhar provocam... Ajoelho-me e inclino-me, suspiro, sorvo e deslizo pela suavidade erecta. Perco-me nas estrias do prazer, aquietando o pulsar cavernoso com a minha húmida língua. Lambuzo-me enquanto delicio os paus freneticamente friccionados por pares de mãos indistintos! Provoco mais prazer do que aquele que dou e à medida que, instintivamente, ritmos aumentam assim gememos mais. Eu, tu e nós todos...

Desejo de Mulher

Esforço é o termo que designa o teu empenho em me agradar. Dá me vontade de rir ver-te embater num ridículo que julgas ser o que necessito. Sinto-me, por vezes, tentada a prender-te a mão, obrigando-te a retroceder e a repensar os teus comportamentos, por forma a que vejas por ti mesmo que a pressão deliberada que carregas é somente fruto da tua imaginação. Agradam-me os momentos contigo, especialmente aqueles em que sinto que desfrutas do estar juntos de modo relaxado. Pensas demais quando tudo o que eu queria era perder-me nos desejos que a tua presença em mim brota. Não preciso de passeios longos, um tanto ou quanto familiares, nas tardes solarengas de domingo. O ridículo é que tu não és assim, por mais que goste de calçar os meus sapatos altos não preciso de encontros chiques. Preciso, isso sim, de me sentir mulher. E nada melhor para isso do que dar uso ao meu corpo de dar e receber. Vem me sentir em vez de te esforçares por ouvir as minhas palavras escassas por nada ter para te dizer a não ser: quero-te.

terça-feira, março 13, 2007

Promiscuidade Pura

Não me tocas convenientemente há um mês e troca o passo, troca tanto que até eu troquei os teus toques ausentes por os de outras mãos presentes nas noites que não te viram. Porém, o compromisso restringe a liberdade de me dar como antigamente, mesmo que entre nós esteja estabelecido um acordo tácito que me autoriza a vadiagem, a consciência funde-se a uma moral incontornável. Compostas por palavras diárias, ditas inúmeras vezes sem delas se pretender alguma espécie de sentido ou apenas por bem parecer, “Completas-me” é uma quimera dos sonhadores idealistas feita cliché. Se assim fosse, bastar-me-ias tu para disciplinar a rebeldia das minhas vontades. No instante em que lhes sucumbo e que a minha voz dá som ao gemido da traição, o meu corpo retrai-se num gesto de pura legitimação ao respeito que acabo por demonstrar não te ter. Queria-te respeitar na devida proporção merecida, contudo, mesmo contigo em mente dá-se mais uma penetração. Não vou e fico mais um minuto, mais um contorcer de membros, mais uma pequena delicia de satisfação. Não há moral que resista ao poderio de uma falta a ser colmatada. Metaforismo para designar a fraqueza da carne infectada pela excitação. Oportunidades de consumação, tomadas na hora sem ver a quem, no fundo, nenhum prazer trarão. Venho-me e aí me vou, amanha beijo-te.

domingo, março 04, 2007

Sujeita a Vontades de Outrém

Apareces sem anunciar a tua vinda na calada da noite. O silêncio completo quebra-se com as tuas estridentes pancadas na porta, elevando o meu estado adormecido a semiconsciente. Vagarosamente, o processo reconstrutivo da minha percepção vai se dando até ao ponto em que acordada o suficiente me apercebo que o barulho vem de ti. Quem outro poderia vir deliberadamente me negar o descanso, desassossegar-me o entendimento, antecipando a minha fome matutina. Sorte a tua que o caminho é curto apesar dos meus passos demorados no tempo, que em nada se comparam ao atrasado medido em semanas da tua chegada. Confirmo o que já sei ao olhar pelo óculo; és tu, pessoa responsável pelos meus oscilares de humor contrastantes, que parece que só me ama o corpo quando quer, acrescendo intensidade à solidão com que vivia antes de nos conhecermos. Abro a porta com uma diligência que visa a manutenção do descanso dos vizinhos. Mal a porta range começas a disparatar queixas murmuradas no escuro do corredor de luzes apagadas. Declarações sobre demoras. Nem ponta de desculpa. Acordas-me para discutir e me amar depois. Quero te falar nas expectativas que se geram à partida em qualquer relacionamento interpessoal e da necessidade que todas nós temos de nos sentirmos desejadas por quem desejamos e, caso me deixes iniciar os meus desabafos, falar-te de cedências e sacrifícios por maiores ganhos. Merda. Sinto-me zangada comigo mesmo por ter afrouxado os muros que edificavam a segurança do meu intimo para a tua entrada, já que a tua estadia me magoa mais do que é suposto alguém um dia sofrer. Estou-me a despersonalizar à custa das malhas que teces de manipulação. Se não soubesse que te recentes com os meus silêncios diurnos derivados das ocupações que me preenchem os dias, diria que eras para mim aquela queca mensal que me vem tirar do atraso. Um segundo período menstrual. Certo é saber que rumamos a um futuro incerto. E, antes que me toques, quero deixar assente que o que ganho não sustenta as despesas extras com curas emocionais. Amor, sabe tão bem estar contigo quando permanecemos o tempo necessário calados para não nos debatermos em confrontos verbais desgastantes das nossas mentes ávidas por aconchegos. Quando o amor contamina a carne, o prazer dissemina-se aos recantos negligenciados por outras carícias físicas. Satisfazes-me tanto quando vens e reconhecendo tal divido-me entre as cissões e perpetuações de uma incerteza que me prejudica a saúde.

sexta-feira, março 02, 2007

7 Pecados Mortais

Lá ao longe, os meus dois olhos juntos enxergam um corpo, cujos contornos desfocados pela miopia não traduzem logo o quão apelativo é para a minha vista. Vejo-te mulher apenas; essas curvas sinuosas que te definem o corpo não enganam vista alguma. Escassos metros percorridos à minha frente e os teus contornos ganham preenchimento, permitindo-me observar a tua passada segura, que transpirando confiança, te atesta uma feminidade única. Nasceste para ser mulher, afirmo com certeza e sem sombra de dúvidas que ponham em causa a tua concepção. Abarcaste a tua natureza sem contra ela te revoltares pois cedo visto que era fado e não fardo. Mais que tudo, gostas de sentir os olhos das cabeças que se viram à tua passagem postos em ti. Já me viste. Não sei como. Juraria que vinhas distraída com a conversa que mantinhas desde a curva que não previa a tua vinda. Agarras com maior veemência a mão daquele que contigo ao lado desfila, sabendo por antemão que o meu ar estático não se deve a meditação de turista confundido com ruelas, mas sim, a meditação de quem perdido se encontrou numa ruela de perdição. Invejo quem te possui vezes sem conta, quando quer, quando não quer e na mesma dá o corpo à tua vontade insatisfeita, quem já te deve e não valorizou o quão necessário e obrigatório é amar o teu corpo belo. Brota de mim uma ira nunca antes sentida ao cogitar que possas um dia ter-te sentido mal amada. Cobiço a sorte desse outro que se entrosou no teu caminho da sala para o quarto e te despindo pode percorrer teu corpo desnudado e te descobrir a pele que a tua roupa nega à minha vista. Desejo obstinadamente fazer jus ao teu desejo, deitar-te na luxúria, viciar-te nos deleites carnais, lamber-te a lubricidade que te pinga e te penetrar a lascívia, saciando-te, por fim, essa libido que te decorre naturalmente da tua qualidade mulher. Ambiciono a disputa que me levará a sentir o teu sabor fundindo-se ao meu, entranhando-se com o teu cheiro anis me conduzirá arreitamentos que aqui em pé não antevi. Ganância mesclada com gula de te devorar, em vez, de te apenas comer numa única dose! Quero o teu corpo num excesso, assim se mede, a minha vontade de retrocesso! Voltar atrás até ao ponto em que sozinha te podias dar a quem te desse vontade. Consente à minha investida em prol do teu bem-estar, ao acréscimo da tua confiança que quero ver feita em vaidade matinal. Sentirás o prazer de ser verdadeiramente mulher enquanto nos recostamos na preguiça merecida após o desgaste dos nossos corpos e aquietação dos nossos sentidos.