sexta-feira, março 02, 2007

7 Pecados Mortais

Lá ao longe, os meus dois olhos juntos enxergam um corpo, cujos contornos desfocados pela miopia não traduzem logo o quão apelativo é para a minha vista. Vejo-te mulher apenas; essas curvas sinuosas que te definem o corpo não enganam vista alguma. Escassos metros percorridos à minha frente e os teus contornos ganham preenchimento, permitindo-me observar a tua passada segura, que transpirando confiança, te atesta uma feminidade única. Nasceste para ser mulher, afirmo com certeza e sem sombra de dúvidas que ponham em causa a tua concepção. Abarcaste a tua natureza sem contra ela te revoltares pois cedo visto que era fado e não fardo. Mais que tudo, gostas de sentir os olhos das cabeças que se viram à tua passagem postos em ti. Já me viste. Não sei como. Juraria que vinhas distraída com a conversa que mantinhas desde a curva que não previa a tua vinda. Agarras com maior veemência a mão daquele que contigo ao lado desfila, sabendo por antemão que o meu ar estático não se deve a meditação de turista confundido com ruelas, mas sim, a meditação de quem perdido se encontrou numa ruela de perdição. Invejo quem te possui vezes sem conta, quando quer, quando não quer e na mesma dá o corpo à tua vontade insatisfeita, quem já te deve e não valorizou o quão necessário e obrigatório é amar o teu corpo belo. Brota de mim uma ira nunca antes sentida ao cogitar que possas um dia ter-te sentido mal amada. Cobiço a sorte desse outro que se entrosou no teu caminho da sala para o quarto e te despindo pode percorrer teu corpo desnudado e te descobrir a pele que a tua roupa nega à minha vista. Desejo obstinadamente fazer jus ao teu desejo, deitar-te na luxúria, viciar-te nos deleites carnais, lamber-te a lubricidade que te pinga e te penetrar a lascívia, saciando-te, por fim, essa libido que te decorre naturalmente da tua qualidade mulher. Ambiciono a disputa que me levará a sentir o teu sabor fundindo-se ao meu, entranhando-se com o teu cheiro anis me conduzirá arreitamentos que aqui em pé não antevi. Ganância mesclada com gula de te devorar, em vez, de te apenas comer numa única dose! Quero o teu corpo num excesso, assim se mede, a minha vontade de retrocesso! Voltar atrás até ao ponto em que sozinha te podias dar a quem te desse vontade. Consente à minha investida em prol do teu bem-estar, ao acréscimo da tua confiança que quero ver feita em vaidade matinal. Sentirás o prazer de ser verdadeiramente mulher enquanto nos recostamos na preguiça merecida após o desgaste dos nossos corpos e aquietação dos nossos sentidos.