terça-feira, março 13, 2007

Promiscuidade Pura

Não me tocas convenientemente há um mês e troca o passo, troca tanto que até eu troquei os teus toques ausentes por os de outras mãos presentes nas noites que não te viram. Porém, o compromisso restringe a liberdade de me dar como antigamente, mesmo que entre nós esteja estabelecido um acordo tácito que me autoriza a vadiagem, a consciência funde-se a uma moral incontornável. Compostas por palavras diárias, ditas inúmeras vezes sem delas se pretender alguma espécie de sentido ou apenas por bem parecer, “Completas-me” é uma quimera dos sonhadores idealistas feita cliché. Se assim fosse, bastar-me-ias tu para disciplinar a rebeldia das minhas vontades. No instante em que lhes sucumbo e que a minha voz dá som ao gemido da traição, o meu corpo retrai-se num gesto de pura legitimação ao respeito que acabo por demonstrar não te ter. Queria-te respeitar na devida proporção merecida, contudo, mesmo contigo em mente dá-se mais uma penetração. Não vou e fico mais um minuto, mais um contorcer de membros, mais uma pequena delicia de satisfação. Não há moral que resista ao poderio de uma falta a ser colmatada. Metaforismo para designar a fraqueza da carne infectada pela excitação. Oportunidades de consumação, tomadas na hora sem ver a quem, no fundo, nenhum prazer trarão. Venho-me e aí me vou, amanha beijo-te.

1 Comments:

At 10:46 da tarde, Blogger shakermaker said...

Ora viva!

Nunca se deve perder a oportunidade de dizer uma mentira para esconder uma verdade se tal valer a pena, E pelos vistos, valeu.

Um abraço...
shakermaker

 

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