domingo, julho 06, 2008

Como castelos suspensos no ar

Não pude impedir as minhas expectativas de se enraizarem ocupando o lugar pertencente às minhas emoções antes vazio. Sou assim e no conteúdo das minhas acções reconheço me. Aguçaste-me as vontades para as quais sinto tantas vezes que vivo. Contigo, constatei a existência de um desconhecimento, destino esse que pensei para o qual partiríamos. Empurra-me, afasta-me… compreendo a impraticabilidade desta união, mesmo que argumente e comercialize discrição e afirme que se trata de uma vez sem exemplo. Deixa-me relembrar-te do precedente; cerra as pálpebras de forma que aos teus olhos o mundo se feche e a luz do dia se dissipe dando lugar a uma tonalidade semelhante à da noite que te farei reportar. Aparta-te das preocupações infundidas pelas consequências que te atormentam, não recrimines o que não fizemos nesse momento ímpar e nem ainda para meu desgosto. Inspira; encontro-me de novo atrás de ti, com o meu corpo impresso contra o teu, difundido calor, reconfortando-te como um todo. Tomo nas mãos o teu cabelo que afago dedicadamente, a intenção reside na possibilidade emergente de ter de outros modos, formas essas que nesse instante não queres, aí, faço-te quer. Torno-me persistente, recorro a métodos coercivos de te fazer sentir sem pensar até sucumbires. Confiro firmeza ao toque, as palmas deslizam da cintura para baixo, praticam curvas nos flancos e repousam no colo. Acompanho o teu movimento, suave e leve, que denota esta certa inebriação que nos aflige e inflige qual na sobriedade culpamos. Estavas encantadoramente bêbeda. A evocação dessa memória é imagem convergida na retina como se de tempo presente se tratasse. Decorei-te, verifica-se a atenção e a disponibilidade. A pretensão foi julgar que os meus dedos te inscreveriam na pele os intentos que me animam o corpo. Permanecem os muros do estoicismo, macerados pela disciplina epicurista que professo. Deste-te mas não te entregaste, sei que assim o foi dada as tuas fintas camufladas sob pretexto de te fazeres difícil. Afirmo com a expressão de deleite que trajo que não há mal. Alicio-te com as possibilidades dos prazeres a duas, agito essa vontade já antes presente em ti nunca antes confessada. As condições são propícias e estas mãos experientes. Há tanto em mim para te dar. Se ao menos tudo fosse tão simples. Pior, é saber que foi prelúdio, sem desenvolvimento nesse instante e, confirmadamente, sem futuro. Tomo-a, à pequena experienciaçao de ti, como uma alegação inicial infrutífera, fraca frente aos teus medos e receios, incapaz de dar resposta a esse teu devaneio.