sábado, fevereiro 06, 2010

Banhando a janela

Banhando a janela, a luz mirava-nos os corpos; dois sujeitos orientados a este rumando a norte. Num quarto de lua, crescíamos fortes confidentes íntimos sussurrando palavras de meia-luz. Empossada de renda preta, esta vestia-me as trajectórias acentuadas. Pele acetinada a vestido curto, pés descalços. Broto do desejo mulher real erecta. Sobre os meus pés, o peso do corpo que carrega a mente que o comanda. Revelo-me icónica noir. Dos bordos de um flut adsorvo na boca a gesta de performances teatrais. Reinvento-me a cada gole. No final de um gole intermédio, assumo, por fim, transformada a minha posição à janela, com o rosto adornado a cinza lunar. Com uma mão sobre o topo da cadeira, giro-a, gentilmente, apontando-te as suas costas que serão o meu encosto. Tomo o meu lugar no palco diametralmente posicionada face à tua personagem. Do lugar desta cadeira – pernas abertas, tornozelos entrelaçados nos pés da cadeira, vestido subido a meia coxa – introduzo a didascália. A tónica dramática acentua-se enquanto te levantas da cama, trazendo o teu corpo à luz fosca.