segunda-feira, abril 30, 2007

Tanta Tusa Para Mãos Escassas

À primeira investida abro-te o fecho abruptamente, não fosse a pressa de te tocar e de sentir nos meus dedos gemendo, talvez me demorasse mais em outros movimentos que neste instante só me parecem contratempos. Para que perder tempo com esses botões do topo difíceis de manobrar mesmo para um mão experiente, quando mais abaixo te encontras à mão de semear. Um pequenino fecho típico afastou-nos enquanto fechado, todavia, agora aberto; amor, estás tão quente! Com aquele desajeitar característico dos acelerados, corro-te as calças para baixo, procuro-te logo e de imediato de encontro. Conheço-te bem e entre nós não existe espaço para conversas fiadas, uma vez que o espaço íntimo que compartilhamos é protegido contra palavras complexas e permeável apenas a onomatopeias, interjeições ou palavrões. Prefiro os impropérios ditos com corpo de imperativos. Quero te ouvir praguejar por entre gemidos a palavra que mais acarinho: fode-me. Amor, é já, de imediato! Tua ordem, meu prazer, teu rejubilo, meu caralho afundado em ti! Salta. Mal as calças me dão pelos joelhos, vou logo entrando em ti, entrando, saindo, entrando, saindo, entrando e ficando! Encaixe perfeito. As tuas curvas adaptam-se ao meu corpo numa complementaridade pouco credível para quem não a sente. Fomos feitos exclusivamente para isto. Dás-me tusa! Duas mãos cheias do teu corpo e tanta carne por agarrar! Às vezes sinto-me quase perdido, confesso, quando às minhas mãos apetece tanto o teu rabo como as tuas mamas, mas, vou seguindo os ditames do desejo que cegando-nos nos conduz tão acertadamente. Agora dou por mim de caralho teso, ainda agora banhado nos teus líquidos preciosamente lubrificantes, preso à minha mão submissa enquanto a outra te domina, congeminando o que te comer a seguir. Quero-me ver gotejar nas tuas nádegas! Decidi!

quinta-feira, abril 26, 2007

Púbere Madura

Sê Sr. Humbert rastejando pelo chão com os seus joelhos que como o rosto já denotam idade madura nas articulações, enquanto eu me delicio com a Lolita passiva que encarno, de rosto imberbe, pescoço que se alonga num corpo de contornos maduros vestidos de púbere. Sentada no sofá, deambulo por páginas de revistas cujo o único intento é incrementar os sentidos recém despertos, cruzando as pernas ao nível dos tornozelos como a etiqueta demanda às jovens meninas, descurando o curto comprimento da saia axadrezada que trajo. Inclinas-te ao jeito de quem se acomoda à poltrona, por forma a disfarçares os teus verdadeiros propósitos e olhares -me o meio das pernas, saltando-te à vista a brancura das minhas cuecas que me acentuam as formas de mulher que aí guardo. Reclinaste de novo, e de novo retornas a uma leitura que ainda não conseguiste iniciar, não fosse o teu interesse prender-se a outras leituras, atrevo-me eu a dizer com lombadas carnais. Talvez as letras que polvilham essa obra burlesca, se me ouvisses dizer isto estaríamos a discutir em vez de fantasiarmos, se organizem segundo outras configurações que explanam em papel o pecado de concubinato quando por ti olhadas. Parte da tua consciência recrimina a outra que me ama quando as cortinas se fecham, as mascaras se depõem e as fachadas são substituídas pelos reais afectos. A mancebia dá cabo de ti, mas, ma cherié, argumentas tu, não permaneço impassível à tua presença, dás cabo da minha consciência! Sol deposto, desejo posto. Aguenta coração, que o tempo já se mede em minutos para o lusco-fusco e todas as consumações que este carrega nos seus tons levemente enegrecidos. Negro é a cor que a minha alma traja, é sinónimo do luto pela falta, falta tua! Deveria eu olhar para ti sob a bênção da ingenuidade, esperar que meu lado alcançasses, fingir que não sei o que se segue, acabando por te abarcar no seu meio, sem argumentar? Larga esse livro e rasteja! Vem acalentar o meu desejo de descoberta, faze-lo vontade tua para que possamos ambos deste padecer e logo convalescer! Prova a minha juventude no teu cálice sapiente, faz de mim menina mulher experiente.

segunda-feira, abril 09, 2007

O Corpo Não Entende Desculpas

Tiramos à nossa boca seca ávida o prazer pelo qual os nossos lábios secam. A culpa cai feito fardo farto sobre o corpo a que se deu funções cognitivas, quando no fundo, a carne é coisa meramente sensitiva que de outras esferas não entende. Foi responsabilidade a mais para os contornos corpóreos que nos delimitam a extensão do prazer. O corpo não entende raciocínios mentais, nem outras justificações quer sejam fundamentadas ou fracamente atestadas pelos princípios do desejo. Querer é pouco hoje para confrontarmos corpos com corpos desconhecidos que dentro de si carregam outros tantos organismos estranhos. Deitar com outro é dormir com o passado que lhe macerou o rosto por acção das fustigações do tempo. No pico do domínio da vontade, a mente adormece, a razão se desvanece, sobrando ao corpo a carne que o edifica. Sem cabeça. Caminheiros errantes. Tiramo-nos o prazer de livremente gozarmos os deleites únicos da entrega pura. Se não for um, se calhar é outro, que num laivo de pura inconsciência se deu sem ver por dentro daquele a quem se entregou. Análises superficiais. E talvez um dia venha alguém que nos traia sem considerações, desrespeitando-nos naquele momento presente e para todo o sempre. Feitos pêndulos ponderamos se o risco pesa mais que o prazer desnudo, sem nunca esquecer que erros perduram e são coisa reincidente. Em súmula, eu, ao menos, não sou capaz de deixar de nos culpar por estarmos a tirar a nós mesmos o que mais pretendemos : o prazer.