segunda-feira, março 29, 2010

EM CONSTRUÇÃO

Em copos de jazz tomamos vinho, perdendo o tino proporcionalmente ao volume ingerido. Nessa quantidade de líquido, diluímos os nossos seres ao ponto de apenas dele sobressair a nossa essência. Disto somos feitos nós; risos, trejeitos toscos humanamente loucos, possessos de vontades.

domingo, março 28, 2010

Encara(me)

Solta as mãos da cara para que possa ver as tuas expressões e, francamente, olhando-te aos olhos tomar-te de novo para mim. Sei que sou teu olhar de perdição; olha para mim. Perde-te na beleza do meu rosto que assim o achaste antes e desde então pouco tempo decorreu. Há algo em mim que me diz; quero perder-me em ti. Lutas contra a tua própria vontade visceral de me tomar nos braços e de na minha boca saboreares demoradamente os desejos mutuamente nutridos. Dá a tua boca à minha!... Quero experimentar sensações labiais além dos lábios bocais. No sonho teu, sei-me feliz. Meu desejo orienta-se no aqui e no agora; quanto mais perdurará ele sem que olhes para mim? Olha-me francamente; ainda é tempo dessas vontades por perder para o tempo. Vamos experimentar-nos. Ainda vamos a tempo; basta que me olhes…

sábado, março 20, 2010

Lugarejo Meu

Abandono o sofá maquinalmente, encaminhando-me para a porta. Sondo pelos recantos da minha mente o motivo mas, a cada passo, eles escondem-se. Nisto, deixo de conseguir concentrar-me sequer tamanha a energia que pulsa em mim. Chegada à rua, desato a correr. Suando pela vida, corro contra o tempo. Sigo pela rua das paixões desenfreadas, virando na esquina dos amantes inseguros para a avenida dos relacionamentos. Corto caminho por um estreitamento de via na rua do meu jeito que, afinal, era um beco sem saída. Contratempos. Tento mais acima no túnel dos compromissos a minha sorte. Recupero o ritmo já no largo da harmonia. Continuando, com a praça das ofensas nas costas, passo por baixo do arco dos bem-aventurados em direcção à avenida das saudades. Com o quarteirão da incerteza de lado, inicio a rua da esperança procurando ver-te na janela à espera, minha toponímia.