domingo, julho 16, 2006

Além Palavras

Dissimulamos desejos com os véus da língua materna. Desejamo-nos à luz de todas as frases excepto aquelas que nos expõem as entranhas infectadas pelos efeitos que provocamos um ao outro. E, dizendo tantas vezes não, os meus olhos confessam os sim que procuras no fundo da minha vista. Desarmas a minha lábia da fuga à confissão deixando-me a mim descoberta na minha pele de pecadora. Apaixonada pela gula, pecados que o teu corpo incita! Vista perdidamente centrada em ti, fonte de estimulo à minha imaginação. Olho-te esses braços e vejo-me neles rodeada e, imediatamente, sinto a pressão do teu corpo impresso contra o meu. Devaneos encobertos pelas palavras erradas. Juntos todos os momentos são outros e não aqueles que nos ficam na memória. Travamos dialogos paralelos em que o meu corpo fala o que a minha boca cala! Cala-me! Impede que prosseguia com esta conversa sem nexo que as entranhas são surdas e o traço ecóico não reconhecem – geme que te ouço! “Desculpa, não te ouvi, estava perdida na tua boca... “ Ímpetos desregrados que as razões não dominam, não há controlo possível sobre o corpo. Carne da inconsciência dos prazeres imoderados. Posto isto, a minha mente continua a sua perigrinação – a tua voz ficou para trás. Num momento a vista sobre as mãos: mãos que me agarram, me empurram e me forçam a um prazer que me custa negar que não gosto. A vista retorna à boca tua: lábios que me acariciam a pele, trincas humedecidas pela língua que me vai percorrendo demorando-se aqui e ali - locais estratégicos do prazer. Perco-me. Ás mãos juntam-se a boca e estas a mim, trio do absoluto contentamento! Trio que se faz acompanhar de perto pelos gemidos soltos dos meus lábios húmidos, desta minha boca sedenta por mais do que soluções salivares! Salivo o desejo de ter na boca mais do que as aquosas trocas labiais! “Desculpa-me de novo, estava absorta.” nas vontades que do meu sexo gotejam e me molham. “Mas tu estás a ouvir alguma coisa?”. Mais do que tu imaginas!... Ouço-te na perfeição pois, o teu corpo também não nega a tesão. Tua tesão queria eu abocanhar.