segunda-feira, julho 02, 2007

Epicurismo Insano

A instabilidade ocupa-me a mente, tampouco sobra espaço para outros vocábulos e os termos, esses, não são os correctos. Tudo parece convergir, como se de uma atracção magnética se tratasse, para o centro do meu corpo, sorvido pelo meu âmago de natureza já de si periclitante. Oscilo feito pêndulo nesta instabilidade linear persistente. Demoro o meu tempo, medido em maiores quantidades que as horas, a tomar consciência da razão que dá corpo ao busílis desta questão. Lamento concluir que a tusa já não vive em mim. Sou corpo inanimado, de mente resignada a práticas que nunca foram destinadas a serem seu apanágio. Agora sofro as consequências da castração, desta conduta estóica que me golpeia fundo a moral quando o pecado bate à porta. A ponderação veio substituir o impulso carnal outrora tão bem conhecido. Estoicismo, essa chaga que me aflige! Temo não conseguir suster as investidas da minha natureza em tomar o que o seu por direito; a minha mente! Bamboleio entre perecer à mão da razão que me insensibiliza o prazer e este meu comportamento insatisfatório. Falta-me o prazer loucamente desregrado... Insanidade, marca a negro a minha compleição descorada por uma rotina sem sentido! Vem-me tirar deste marasmo que é a vida despojada de extremos, riscos ou perigos, antes que a revolta em mim se instale. Estes ditames segundo os quais a vida se rege, obrigaram a minha natureza a ganhar limites que não lhe são inatos. Às mãos da tua força, perder-me-ei no império dos sentidos esquecidos. Serei grito, em vez de voz apática que somente dá som aos que têm que ser por pura obrigação. Quero ser mais, mais que os socialmente aceitáveis, quero me vir nas mãos da vida adentro sentida. Termos retornados. Insatisfação. Dai-me de beber dos líquidos de Epicuro saturados de oportunidades lascivas que morrendo vou sorvendo a vida.