quarta-feira, março 29, 2006

Corpos sem Corpos

Solidão em camas vazias por lhe faltarem os nossos corpos. Paredes desencontradas que a ausência da nossa paixão lhes negou os confrontos. Chãos não pisados, cantos incontornados, claridades sombrias de dias incompletos pelas noites que não compareceram. Dissociações corporais que vivo com silhueta nua exposta às mãos do tempo. Susseções fenomenais enxergadas pelos meus olhos lívidos onde sou sentada sem querer em colos não teus. Regaços temporais que me tomam nos seus prolongamentos demorados medidos em dias dos nossos apartamentos. Cissões forçadas entre os nossos sexos! Tapo ao mundo a minha visão de tamanhas insatisfações escondidas nos recantos onde nos tomaram como loucos. Juízos daqueles que nos olharam a paixão de perto e nos desdenharam a lúxuria, ansiando secretamente também serem bebidos aos nossos modos de desgutarmo-nos simultaneamente. Vem me reencontrar de novo nos cantinhos por onde enfredamos nas noites em que a carne nos assolou os sexos que das quais nos escondemos em túneis inacabados em terras de ninguém. Tesões que vejo afloradas de novo nestes retrocessos aos passados contruídos nas obras em que me senti pressionada contra alicerces nus. Pressa ao teu corpo anseio estar de novo, envolver as minhas pernas no teu tronco, abrir-me para ti em ângulos notoriamente apelativos aos sentidos erectos. Afunda os dedos no meu cabelo deixa que as suas mechas te roçem os dedos de novo quão minhas são essas texturas ondulatorias em que já te senti perder. Penetrações que nos foram outrora tão ordinárias por satisfazermos tanto os nossos permanentes desejos. Dá-me de novo o teu corpo ao toque dos meus dedos, ao apertar das minhas mãos, à minha boca aberta à tua e à minha língua impaciente – ao meu corpo!