segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Disciplina do Toque

As sombras adensam-se numa trama cirscunscrita à minha sala. Perdi a noção do tempo no caminhar lento das horas. Exaspero fingindo estar distraida, apesar de estar absolutamente concentrada no ruído silencioso das escadas. Um sopro com caracteristica de brisa percorre as minhas pernas, demorando-se na curva da minha nadega, beijando-me a anca com a fúria de uma dentada explicita de desejos. Vejo-a como o cego que apenas sente pelo tacto. Lanço a minha mão na sua direcção e ela roça-me os dedos com a suavidade de uma caricia. Nisto arrepio-me e retorno à realidade crua e dura de uma noite solitária para a qual não estou preparada. A roupa que trago no corpo nada me aquece. Desanimada rasgo as ligas, arranco o corpete que outrora me aconchegava o peito e escorrego impaciente pelo sofa. Olho o meu corpo nu, leio na minha pele a carência que me desassossega a alma e perturba o meu sexo. Na falta de ti incorro a processos artificiais do que serias tu em mim. Faço da minha mão tua correndo pelas minhas linhas a fora, acariciando a textura que a minha pele apresenta, perdendo-me ali e acolá numa imagem nossa passada. E o toque ganha presa, uma urgência crescente impaciente em que movimentos ganham ritmos à custa de notas circulares. Gemo ouvindo-te gemer num múrmurio imperceptivel que ouvidos não captam mas que o corpo exclama! Insisto e persisto na disciplina do toque da mão na mão, mão no sexo, dedo no clitóris e venho-me, buscando o mesmo prazer que contigo costumo ter. Hoje a minha, amanha a tua.