sábado, fevereiro 11, 2006

Tango de Sexos

O teu calor é aura que envolve a minha respiraçao descontrolada. É algo por ti emanado que me arrebata e me toma nos braços ao sabor de ritmos latinos de danças sensuais. Tantas vezes tocadas mas sempre virgem ao teu toque. Cada compasso é um entrelaçar perfeito de corpos. Sinto a tua mão fechar-se sobre a minha com o rigor imposto pela vontade de me guiar sem vacilo de encontro a ti. Com o teu peito impresso contra o meu e a minha perna aconchegada no teu meio percurremos a sala. E a rigidez crescente do teu sexo abafa o som do meu salto contra a madeira. Todas as figuras tornam-se estácticas, como que a sua vitalidade lhes tivesse sido sugada e condensada na dinâmica que os corpos unidos apresentam. Vejo-te nos olhos a expressão de um tango que me olham como violenço onde as cordas são feitas das minhas ligas e o som destas é grave como o nível do meu gemido. Na lágrima nota húmida de um violino escorrego enquanto tu me amparas e me soltas o cabelo outrora confinado à prisão de um gancho. Nesse movimento seco e rapido soltas-me o desejo. Incendiario da racha do meu vestido. E a vontade vai dando lugar a coreografias cada vez mais extravagantes à base de posturas sugestivas de uma intimidade considerada indecente a um salão. Dançamos sincronizados, frenéticos e incansáveis, quase um acto sexual. Cada nota faz se acompanhar de um toque atrevido e consentido por olhares silencios cumplices num suave ondular de corpos. Fazemos tango do locais fechados como esconderijos cuja sombra nos encombre o aconchego mutuo no sexo.