quarta-feira, janeiro 18, 2006

Sou quem na mão trás o sexo

Sou quem na mão trás o sexo. Expresso ao estilo inconfundivel de Bocage. Sou operador na génese do erotismo através da aglutinação de singulares palavras insipidas. Confiro o sabor do meu sexo às numerosas texturas que um dia tactei e que sobre elas derramei lascívia em tinta líquida. Do papel faço cama minha, papiros de repouso de agitações mentais. Não é o meu sexo que comanda a minha mente, mas sim a minha mente que comanda o meu sexo. É nesta que a libido toma lugar exilando a covarde razão que me desertou das mãos. Perecemos perante a pulsão. Desejamos morrer e só depois então renascer dos fluídos que trocamos entrelaçados. União que almejamos. Tesão que de nós brota, atentados que corpos não conseguem censurar.
Impulsos que nos ditam o refúgio no corpo de outrém. Se prazer é impureza que me suja a pele, prefiro então viver assim. Sou fruto de pecados consumados.
"Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas herdarão o reino de Deus" (1 Coríntios 6:9-10).