domingo, junho 25, 2006

Performances Linguísticas

Roçamos texturas em húmidas performances linguísticas. Hipnotizantes sensações lábiais. É lábia do gosto de sentir-me degustada em travos que me fazem saboreada. Provas da casta, santa castidade gasta! Sensações que se elevam, transformam e se convertem. Trocas corporéas sensitivas em que deixo de ser eu para me tornar prolongamento carnal teu. Sou tua continuação finita, teu lado complemento. Carne que se diluí e por ti se infiltra, molhando te as entranhas enfraquecidas pela fome. Fomentas-me as vontades por fermentação dos meus desejos inertes; acções embriagantes dos meus sentidos! Perturbações desta ilusória homeostasia de mulher que se finge recatada! Decoro forçado cuja cissão se faz à força bruta dessa tua mão perscutadora dos gemidos! Procura incessante da consumação a par da exclamação dos deleites. Comprovações humedecidas atestadas pela excitabilidade que se vê gotejada sobre o corpo. Molha-me os sentidos desta amargura de um corpo seco. Seca insustentável! Pesam-me os apartares. Mais não posso, que meus músculos não aguentam a pressão que sobre estes lhes exerço enquanto sozinha por mim estremeço. Retorna ao leito que à tua forma já se acomodou, longe da vista intrometida avistaremos ao longe a terra prometida. Fartam-me esses fingires de quem frígida não se sente! Já me doi o braço que trémula a caneta oscila, a mão desliza sem destino que se permita saber quando gemer saberei qual o destino que ela se lhe deu! Automatismos!