sexta-feira, maio 05, 2006

Vozes que Falam Mudas

Dispersos olhares por entre os afazeres. Contactos da vista na vista quando ambas deslizam pelos cantos desconcentradas. Abstracções simultâneas que nos unem feito pontes invisiveis sem partida nem chegada. Vice-versas. Olhares trocados. Recíproca cumplicidade nas pontes sem fundações do olhares suspensos pelas partículas do ar. Dispensamos tempos. Substituímos as atenções já perdidas nas folhas dos afazeres por conjecturas que desenham pulsões em papéis. Pensamentos que traçamos sós compondo obras em parceria. As distâncias palmilham-se com a mente e os desejos encurtam-nos os corpos. Fazemos tudo sem nada fazer. Distracções apelativas no teu rosto que às quais só em parte sucumbo. Os reais ainda se fazem sentir vivos em mim impedindo-me os divagares que tanto desejo. São flutuações da minha mente percorrendo um lá e um cá imaterial pois a carne permaneçe aonde sempre esteve sentada à mesa da desconcentrações. Retomamos os parágrafos deixados em suspenso, às sucessões das linhas sempre vistas como extensas, aos trabalhos que neste instante não queremos ter presentes. São os tem de ser da vida quando as vozes não são ouvidas. Silêncios esclarecedores. Dúvidas dissipadas nos embates visuais. Demoro-me nos olhares da partida ansiando por um dia que me ouça chamativa pelo o real toque das tuas mãos..