segunda-feira, abril 17, 2006

Sórdidos Prazeres Incontestados

Abro a boca à pressão das palavras contra os lábios meus. Pensamentos abstractos que se empurram uns aos outros pelos canais das mentes; influxo nervoso electrico materializado no peso das frases esqueléticas que professo. Corpo. Mente. Junções indissociáveis cuja cissão é somente uma tentativa falhada. Olho-te sem quereres, sem expectativas, sem condicionantes externas, dispo-te o teu corpo até a forma desnudada da mente livre dos pudores forçados. Fétida pureza disfarçada por fragâncias do bem parecer. Sê suja! Suja-te com as impurezas dos desejos improfessados que ousam atentados aos ouvidos impreparados. Ah!, que te tomo nos meus braços se destes não te esquivares com fintas corporais às minhas mãos imundas por terem sido mergulhadas nas lubrificações mentais. Vem, sem hesitações maiores, te confessar a esta mente sem medos das más interpretações e do desdém de quem não confessa vontades. Negações descenessárias, questiunculas verbais perdedoras dos tempos em que juntos podemos fazer mais do que dissimular, sob a benção dos jogos de palavras, pensamentos menos decêntes!Decência está nas mãos – nas minhas que te tocam áviadas pelas texturas pélvicas! Faço a génese da decência no seio das saturações vaginais opacas ao desgusta-las em cálices cristalinos. Falo-te à mente com palavras conspurcadas que te servem à manutenção das circunvalações minadas pela obscenidade de um olhar lançado a lésbicas que se amam. Ultrapasso essa imoralidade fingida pela iris que se contraí parcialmente por também em ti existir a curiosidade espicaçada pela pornografia explicita da comunhão corporal de corpos nus. Vê além das molduras rotineiras de uma paisagem repetida sem graça, vazia por tudo já lhe ter sido sorvido pelos sofrêgos bebedores do prazer. Paciencias esgotam-se, como retratos se tornam gastos e as inscrições nas lápides se suavizam nas malhas das conversas casuais que se perdem para as fantasias. Imagens essas geradas paralelamente ao passar da minha vista sob o teu corpo demasiado tapado a este tipo de visão desnuda. Devaneos que desejo falar ao teu corpo ao inscrever sinominos de prazer na tua pele. Vestida poderás ficar apenas levantar-te-ei o vestido desde que sucumbas aos teus desejos recalcados por censuras parvas de contenções compelidas às zonas inactivas da mente. Imundo é o sentido da insatisfação.