domingo, abril 16, 2006

Obras sobre Rascunhos

Aos meus olhos a luz é lhes cortada dando à cor uma nova visão texturizada. Cega tacteio o rosto acetinado por uma venda posta sobre a vista das sensações. Imagens visuais ausentes amplamente substituidas pelas caricias que sinto sem necessidade de veres mais do que o arrepiar da pele. Anagliptografia. Relevos esculpidos na pele.
Braços meus que se findam em mãos abertas receptivas às sombras amadas sob corpos estendidos. Desconhecidos trilhos por onde me embrenho saturados pelas fragâncias corporais que emanamos conjuntamente em entregas plenas. Dou o meu corpo ao cinzel que ergues nas mãos, instrumento das artes que serves. Técnica ardil aplicada ao longo dos contornos do meu corpo que nunca se viram tão habilmente pintados como quando tomas meu corpo na tela da imaginação. Pinta-me o rosto com as expressões figurativas da arte que retrata o que a vista percepciona fiel ao mundo visível. Pinceis mergulhados nas cores dos prazeres que de mim brotam. Tinta esbatida pela trincha que desliza ao longo da silhueta cuidadosamente definida às honras de ser mulher. Manipulação humana sobre a matéria prima. Dou o meu corpo ao teu como molde às fusões sensoriais. Ofereço os meus traços ao traço do escultor que põe tudo de si na obra. Obras essas cujo o berço se fez à custa dos prazeres que só os toques sobre as texturas edificam. Rascunhos imperfeitos por lhes faltar a conclusão que somente os mestres encerram nas suas palmas. Então, toca-me.